sábado, 28 de abril de 2012

Quando chega a hora de produzir a dissertação...

O aluno pode ser excelente. Sempre obter nota máxima nas provas objetivas. Contudo, quando chega o momento em que ele tem de produzir uma redação, ele "trava". Talvez isso seja por que não tenha sido treinado a expor sua visão, pensamento e até mesmo sentimentos. Entretanto, deixemos de lado essas questões e discutamos quais são os passos para execução de uma boa redação.
Mas antes disso, você deve conhecer os diferentes tipos de textos. Então, leia rapidamente o item Tipos de texto.

Quais são os elementos que compõem o texto dissertativo-argumentativo?

O texto dissertativo é composto por dois elementos principais: a tese e o argumento. A tese nada mais é do que o posicionamento do texto em relação a uma temática. Por exemplo, dentro da temática legalização da maconha, o texto pode apresentar-se contra ou a favor. Assim, o posicionamento, o ponto de vista defendido pelo texto é chamado de tese. 
Entretanto, sabendo que o objetivo desse tipo de texto é convencer, não basta apresentar apenas a tese, ou seja, o ponto de vista defendido ou adotado pelo texto. É preciso que se argumente, que se apresente dados, informações para fortalecer a tese. Para isso, o autor deverá conhecer bem o tema e as implicações geradas por sua tese.

Qual o objetivo de um texto dissertativo-argumentativo?
Em linhas gerais, podemos dizer que seu objetivo é convencer o leitor. Sendo assim, o texto deve ser incisivo ao defender a tese, o ponto de vista adotado. Use os melhores argumentos que puder para convencer o seu leitor.

Para quem se está escrevendo?

Sempre digo que o único texto que é escrito para si mesmo é o diário de confidências. Nele, o autor não se preocupa tanto com a clareza. Entretanto, todos os demais textos tem público diferente. Por esse motivo, ao escrever, o autor deverá ter em mente a imagem do(s) seu(s) leitor(es), do consumidor do seu texto. A medida que for escrevendo, deve-se perguntar: isso que estou escrevendo é claro para o leitor? O meu leitor vai entender o que eu quero que ele entenda?

Qual é a estrutura da dissertação?

O texto dissertativo tem a seguinte estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão. Existem mais de um modelo para elaboração de um texto dissertativo; entretanto, a mais usual é a que se segue.
Na introdução do texto, faça uma breve descrição do tema abordado pelo texto e apresente a tese que será defendida. Essa introdução deverá conter um ou dois parágrafos.
O desenvolvimento é a parte do texto que traz toda a argumentação que se fará para defesa da tese exposta na introdução. Deve-se dar exemplos, apresentar dados e contestar (ou contra-argumentar) visões contrárias a tese defendida pelo texto.
A conclusão é a última parte do texto. Nela, os argumentos são, resumidamente, apresentados e entrelaçados com o objetivo de se defender a visão (a tese) exposta no parágrafo inicial.

Existem técnicas para desenvolver ideias?

Claro. A mais conhecida e uma das mais eficientes é a Tempestade de ideias ou, em inglês, Brainstorming. Essa técnica consiste em escrever, de forma livre, o maior número possível de ideias e informações sobre um tema, uma questão, um problema. 
Aplicada à redação, a técnica ajuda o autor a escrever um bom texto. Assim, antes de partir para a escrita do texto, deverá escrever em uma folha de rascunho o maior número de informações, sobre o tema, que lhe vier a mente. Depois, ele deverá escolher dentre essas ideias, aquelas que ele utilizará para defender sua tese. As ideias que contradigam o seu tema podem ser utilizadas no texto, desde que sejam combatidas, contra-argumentadas.

+ DICAS:



Tipos de textos

O texto é uma mensagem. E como toda mensagem, tem também objetivo. Em resumo, cada texto tem um objetivo específico. Sendo assim, a partir do objetivo do texto, ele pode ser narrativo, descritivo, argumentativo, informativo, injuntivo ou poético. Vejamos suas características.

Texto narrativo

Sua principal função é contar fatos e acontecimentos situados no tempo, sejam eles reais ou imaginários. Ademais, são textos que visam apelar  à imaginação do leitor.
Suas características são: emprego frequente dos tempos verbais do pretérito; presença  de uma ou mais personagens, ações e cenários; insistência nas indicações temporais (antes disso, durante, depois, etc.)

Texto descritivo

Tem como função produzir uma imagem que o leitor não vê, permitindo-lhe imaginar: espaços, seres reais ou imaginários, escritos estáticos ou evolutivos.
Suas características são: predomínio de pretérito imperfeito (o que se fazia) do indicativo ou presente do indicativo (o que se faz); insistência sobre as localizações; uso de indicações temporais, se a descrição for evolutiva.

Texto informativo

Seu objetivo é esclarecer, transmitir conhecimentos sobre determinado assunto. Além de apresentar fatos históricos, econômicos, geográficos, etc; explicar um fenômeno ou teoria; prestar-se ao uso didático. 
Suas características são: exposição no presente; linguagem objetiva e referencial; uso de abreviações, indicações numéricas, gráficos e cifras.

Texto argumentativo

Seus objetivos são: convencer o leitor; apresentar ou defender um tese, um ponto de vista; quando polêmico, tomar partido contra ou a favor de uma pessoa, grupo ou uma instituição e suas ideias.
Suas características são: predomínio do presente do indicativo e/ou pretérito; desenvolve ideias ou argumentos.

Texto injuntivo

Seu objetivo é propor uma ação, dar conselho, dar ordens. Suas características são: o uso frequente da 2ª pessoa do singular; emprego do imperativo, do futuro do indicativo e, às vezes, do infinitivo.

Texto poético

Seu principal objetivo é a construção do próprio texto. Valorizando seus sons, ritmos e a variedade de sentidos.  

Características de um bom texto

(Observação: antes de ler este texto, saiba o que é texto dissertativo-argumentativo, tese e argumento.)

Palavra texto vem do latim textum que significa tecido. Mas o que é tecido? Dê uma olhada na roupa que você está usando agora. É claro que não é tão fácil notar, mas trata-se de um entrelaçamento de linhas. As linhas são entrelaçadas de modo que, no final, obtém-se o tecido. A mesma coisa acontece com o texto. As palavras, orações, períodos e parágrafos são unidos objetivando a criação do texto. Mas, e se as linhas não estiverem bem ligadas? Certamente o textum não será de qualidade. Dessa forma, algumas regras devem ser seguidas para que o resultado final (o texto) seja otimizado.

Correção

A primeira e principal característica de um bom texto é a CORREÇÃO. Escrever com correção é escrever observando as regras da norma culta; Ou seja, não trocar mau por mal, por exemplo. Escrever excessão em vez de exceção é um gravíssimo erro cometido contra a correção. 
A correção não se limita a ortografia ou ao nível da palavra. A correção deve ser observada no emprego adequado das palavras. Sendo assim, não basta apenas saber escrever as palavras corretamente, elas devem ser empregadas corretamente na criação do texto. Nesse aspecto, esta pergunta, por exemplo, é pertinente: quando eu devo empregar por que, porque, porquê ou por quê? Ou ainda: como devo usar os termos em vez de e ao invés de ; de encontro a e ao encontro de. Para escrever com correção, estude: ortografia, regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, pontuação.

Clareza

Leia o trecho: "Eu vi ela não. Não sei se ela foi para o hospital da cidade o da vila está lotado." Você conseguiu entender o que foi expresso no texto acima? Eu também não. Falta clareza. Por quê? As regras da norma culta não foram obedecidas.
Para que um texto tenha clareza, além da obediência à CORREÇÃO, é preciso que as ideias obedeçam uma determinada lógica.
Assim, escreve-se: "Eu não a vi. Não sei se ela foi ao hospital da vila ou ao da cidade. Talvez tenha ido a esse, já que aquele está lotado."
Além disso, deve-se evitar a ambiguidade. Esse é um defeito que caracteriza-se pelo duplo sentido. Leia o trecho:

"Casal procura filho sequestrado pela internet."

O quê se entende com essa frase? A internet sequestrou o filho do casal ou a internet serve ao casal como meio de procura do filho sequestrado?
O que deve ser feito para eliminar problemas como esse? Geralmente, a ambiguidade é resultado da má colocação do adjunto adverbial, nesse caso "pela internet". Assim, antecipa-se o termo:

"Pela internet, casal procura filho sequestrado."

Concisão

Ser conciso é não ficar "enchendo linguiça". É apresentar uma ideia em poucas palavras.
Compare os dois textos:

"Eu não a vi. Não sei se ela foi ao hospital da vila ou ao hospital da cidade. Talvez tenha ido ao hospital da  cidade, já que o hospital da vila está lotado." 

"Eu não a vi. Não sei se ela foi ao hospital da vila ou ao da cidade. Talvez tenha ido a esse, já que aquele está lotado."

Os dois trechos apresentam a mesma ideia; entretanto, um é conciso e outro não. A concisão pode ser obtida pela elipse (omissão de palavras), utilização de pronomes em substituição ao substantivo, dentre outros recursos.

Coerência

Ser coerente é não se desmentir. O exemplo que mais uso é o seguinte: 
"No primeiro dia de aula, ao chegar na sala, digo aos meus alunos que não gosto de brincadeiras, conversas e algazarras nas minhas aulas. No segundo dia, já chego brincando e contando piadas." 
Ora, se eu fizer isso estou sendo incoerente. Primeiro digo algo; depois, ajo de modo totalmente diferente ao que expus. 
Assim, ao escolher a tese que será defendida pelo texto, o autor deverá escrever todo texto defendendo essa tese. Se, por exemplo, o autor, no inicio do texto, propõe defender a tese de que o aborto deve ser legalizado, então ele deverá desenvolver e concluir o texto seguindo essa lógica.

Coesão

Essa característica é a que mais se aproxima com a ideia de Textum. A coesão textual é a conexão entre os elementos ou partes do texto. Entre os recursos de coesão existentes, cito a sinonímia, a referência (pronominalização), a elipse e a utilização de conectores.
Assim, um texto coeso é um texto em que as palavras, períodos e parágrafos estão ligados uns aos outros por uma ordenação lógica e por meio de recursos de conexão. Ao iniciar um parágrafo, por exemplo, é importante que o autor acrescente um conector (conjunção) que o ligue ao parágrafo anterior. Exemplos de conectores que podem ser utilizados: e, além disso, porque, mas, ou, conforme, para, entretanto, contudo, portanto, assim, quando, enquanto, depois de etc.

Gramática da Língua Portuguesa

Num mundo cada vez mais cheio de máquinas e recursos digitais, os livros ganham uma nova formatação: a digital. O novo, já velho, e-book é bastante conhecido. Tendo em vista essa nova perspectiva, o Portugueseufalo indica a Gramática Prática, que nada mais é do que um programinha que você utilizará para aprender gramática. Bons Estudos!

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Para que serve um barômetro?


A pressão do ensino

Anda circulando pela Internet uma historinha falsa, mas muito edificante. Nossa versão foi retirada do site do professor de ciências da computação Valdemar Serzer, da USP. Uma versão em francês (também reproduzida no site) afirma que a história é do começo do século.

Há algum tempo recebi um convite de um colega para servir de árbitro na revisão de uma prova de física que recebera nota zero. O aluno dizia merecer nota máxima. Professor e aluno concordaram em submeter o problema a um juiz imparcial, e eu fui o escolhido.

Chegando à sala de meu colega, li a questão da prova: Mostre como se pode determinar a altura de um edifício bem alto com o auxílio de um barômetro. A resposta do estudante foi a seguinte: Leve o barômetro ao alto do edifício e amarre uma corda nele; baixe o barômetro até a calçada e em seguida levante, medindo o comprimento da corda; esse comprimento será igual à altura do edifício.

Sem dúvida a resposta satisfazia o enunciado, e por instantes vacilei quanto ao veredicto. Recompondo-me rapidamente, disse ao estudante que ele tinha respondido à questão, mas sua resposta não comprovava conhecimentos de física, que era objeto da prova. Sugeri então que ele fizesse outra tentativa de responder à questão. Meu colega concordou prontamente e, para minha surpresa, o aluno também.

Segundo o acordo, ele teria 6 minutos para responder à questão, demonstrando algum conhecimento de física. Passados 5 minutos, ele não havia escrito nada, apenas olhava pensativamente para o forro da sala. Perguntei-lhe então se desejava desistir, pois eu tinha um compromisso logo em seguida. Mas o estudante anunciou que não havia desistido. Ele estava apenas escolhendo uma entre as várias respostas que concebera.

De fato, um minuto depois ele me entregou esta resposta: Vá ao alto do edifício, incline-se numa ponta do telhado e solte o barômetro, medindo o tempo t de queda desde a largada até o toque com o solo. Depois, empregando a fórmula h = (1/2)gt2, calcule a altura do edifício. Nesse momento, sugeri ao meu colega que entregasse os pontos e, embora contrafeito, ele deu uma nota quase máxima ao aluno.

Quando ia saindo da sala, lembrei-me de que o estudante havia dito ter outras respostas para o problema. Não resisti à curiosidade e perguntei-lhe quais eram essas respostas. Ele disse: Ah! Sim, há muitas maneiras de achar a altura de um edifício com a ajuda de um barômetro. Por exemplo: num belo dia de sol pode-se medir a altura do barômetro e o comprimento de sua sombra projetada no solo, bem como a do edifício. Depois, usando-se uma simples regra-de-três, determina-se a altura do edifício. Um outro método básico de medida, aliás, bastante simples e direto, é subir as escadas do edifício fazendo marcas na parede, espaçadas da altura do barômetro. Contando o número de marcas tem-se a altura do edifício em unidades barométricas. Um método mais complexo seria amarrar o barômetro na ponta de uma corda e balançá-lo com um pêndulo, o que permite a determinação da  aceleração da gravidade (g). Repetindo a operação ao nível da rua e no topo do edifício, obtêm-se duas acelerações diferentes, e a altura do edifício pode ser calculada com base nessa diferença. Se não for cobrada uma solução física para o problema, existem muitas outras respostas. Minha preferida é bater à porta do zelador do prédio e dizer: ‘Caro zelador, se o senhor me disser a altura deste edifício, eu lhe darei  este barômetro’.

A essa altura, perguntei ao estudante se ele não sabia qual era a resposta esperada para o problema. Ele admitiu que sabia, mas estava farto das tentativas do colégio e dos professores de dizer como ele deveria pensar.  

Fonte
PARA que serve um barômetro? Disponível em: <http://www2.ufpa.br/ensinofts/barometro.html>. Acesso em: 24 jan. 2007.